Ritinha tóme cuidado,
voce ja num é criança.
Va cahi, c'o namorado, na boca da vizinhança...
No rapáis num pega nada...
é um home; pense direito...
Veja que muié falada
num têm arranjo nêim jeito.
Inquanto ocêis num casá
num ande andano sozinho;
puis ja viéro me contá
que viro ocêis no caminho...
Farta um meis pro casamento.
Num custa chegá esse dia.
Despois daquele momento
tudo ha de i bêim minha fia.
Num ande mais por ahi.
Despois...-marido e muié
póde passiá inté durmi
na estrada se ocêis quizé.
Este Blog destina-se a todos que gostam de arte , poesia e tem o propósito de compartilhar as obras de Acrísio de Camargo e seus artistas.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
DESAFOROS
Rânque a faca seu porquêra
Ocê pra mim num é home
Ja têim feição de cavera
Cara de morto de fóme.
Cabeça de sucuri,
nariz de porco do matto.
A gente oiâno um quati
parece ve seu retráto
Péste ruim, sogeito atôa,
marcriado, sêm vergonha,
Apanhô inté de alemõa
Meta a cára num buráco
e suma de nossa vista.
Bôca de avô de macaco.
Testa de gallo sêm crista.
Tua mãe é separada,
teu pai largô e foi simbóra...
E a minha foi sempre honrada
proque é sortêra inté agora!
Ocê pra mim num é home
Ja têim feição de cavera
Cara de morto de fóme.
Cabeça de sucuri,
nariz de porco do matto.
A gente oiâno um quati
parece ve seu retráto
Péste ruim, sogeito atôa,
marcriado, sêm vergonha,
Apanhô inté de alemõa
Meta a cára num buráco
e suma de nossa vista.
Bôca de avô de macaco.
Testa de gallo sêm crista.
Tua mãe é separada,
teu pai largô e foi simbóra...
E a minha foi sempre honrada
proque é sortêra inté agora!
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Tardes
A roça é alegre,bunita,
quando o sor vai se escondê
O céu azur,cor de fita,
parece se ingrandecê...
O vento passa maciu
vôa baxo os taperá
E as agua fresca do riu
corre manso e devagá...
O campo verde, cherôso,
tudo infeitado de frôr,
de tão bunito e gostoso
Parece um ninho de amor
Tudo é graça e buniteza
na roça de tardezinha
parece inté que a pobreza,
alegra a nossa vidinha...
Hora da ceia que férve
no prato queimâno a mão...
A cumida, tudo serve
basta mandiôca e fejão!
Texto de Acrísio de Camargo
Acrísio de Camargo é o autor da letra do Hino de Indaiatuba, cuja melodia foi composta pelo ilustre indaiatubano maestro Nabor Pires Camargo. O hino foi composto à pedido do major Alfredo Camargo da Fonseca, prefeito de Indaiatuba na ocasião em que foi comemorado o 1o. centenário de Elevação de Indaiatuba à Freguesia.
Na ocasião da festa, mais precisamente no dia 9 de dezembro de 1930, Acrísio de Camargo publicou o texto cujo conteúdo está copiado abaixo, no jornal "A Gazeta do Povo". Em seu texto Acrísio demonstra o mesmo estilo poético presente no hino. Vejamos.
INDAIATUBA
Acrísio de Camargo
Chegou finalmente o dia esplêndido em que Indaiatuba festeja condignamente o primeiro centenário de sua fundação.
A julgar pela sua encantadora topografia, como não seria linda já, naquele tempo de infância em que ela se resumia num punhadosinho de casas originais, obedecendo, naturalmente, os ditamos de uma interessante arquitetura primitiva!
Seria como um lençol, branco e pequeno, bordado de casas pequeninas, estendido, encantadoramente, por sobre um planalto magnífico, extenso e admirável. Ainda hoje assim se nos apresenta, quando a vemos de longe, com seus casario branco e maior, muito maior que naquele tempo...
E não é só o lençol alvo e bordado que a embeleza tomando a extensão sublime do planalto; além disso, para complemento maravilhoso do cenário luxento de sua natureza, as fumaças brancas de suas fábricas costumam tecer no espaço azulino, rendas clara e ondulantes!
Suas campinas verdes e enormes, para encanto dos olhos e do paladar produzem flores raríssimas e frutos saborosos!
A máquina do progresso, na ânsia incontida da de modernizar-lhe o aspecto, cortou-lhe grande porção de suas árvores frutíferas, mas ainda assim, ficaram muitas delas atestando, graças a Deus, a sinceridade destas palavras...
Indaiatuba! Não se pode escrever sobre ela sem por os olhos do pensamento no passado...
Pensando em sua infância vem-me, naturalmente, as saudades da minha e tenho a grata satisfação de me transportar aquela época distante, em que a vida me sorria com seus olhos verdes a grandes promessas... E me lembro de tudo, como se fosse agora! Nada me escapou da memória feliz... O meu tempo de escola em que o professor, severo e rancoroso, não sabia ensinar com amor; (até o mestre de música, dos tempos idos, obrigava o aluno a solfejar chorando...). As fazendas onde vivi por algum tempo: Capitão Josias, Morro Torto, Bela Vista... Desta última quanta recordação!... O curro enorme de taipa... As reinações próprias da idade... Tudo engraçado, tudo inocente!
E na vila nosso maior suplício e divertimento: o chafariz... os célebres carrinhos de mão que ainda existem... nosso grupo, respeitado, vinha em descanso, num só arranco, lá de baixo até em cima... E que água! Naquele tempo, quando a transportava, eu a achava pesado e hoje, quando a tomo, acho-a tão leve!
Saudades... recordações... é sempre triste a lembrança de um passado alegre... e hoje não é dia de tristezas.
Indaiatuba! Berço sagrado, gentil e imaculado que me embalou nos primeiros tempos de vida!
Eu te saudo, daqui do meu cantinho, de distante, como o filho saudoso longe de seu lar! Hoje é o dia dos teus anos eu te envio, por intermédio desta tua querida filha hebdomadária, um grande e sincero abraço de saudade oportuno, necessário como este ponto final
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